IARN

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Outubro 16, 2012 por Bárbara Sereno

 

 

Mesmo antes do 25 de Abril já existiam dois núcleos de apoio a desalojados no Ministério do Ultramar, a Comissão Administrativa e de Assistência aos Desalojados (CAAD), destinada a pessoas que vinham da Índia, e o Centro de Apoio aos Trabalhadores Ultramarinos (CATU), que auxiliava os trabalhadores cabo-verdianos. Foi no Verão de 74, quando começou a chegar um grande número de desalojados de Moçambique e da Guiné, principalmente, que se criou um terceiro núcleo, o Grupo de Apoio aos Desalojados do Ultramar (GADU), que apesar de ter conseguido resolver algumas emergências, no início de 75 já não conseguia dar a resposta à situação que se agravava todos os dias com a chegada de centenas de pessoas. Foi nessa altura que o Estado criou um serviço nacional que se dedicou apenas ao auxílio de pessoas que vinham das ex-colónias: o Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN).  

O IARN organizou-se, montou as estruturas e os serviços necessários para responder à situação de emergência. Era preciso fornecer alojamento, subsídios, bolsas de estudo, alimentação, saúde e inserção profissional a milhares de desalojados. A situação era frágil e os problemas aumentavam dia para dia, por isso, muitos se indignavam e outros enriqueciam.

Estavam recenseados quase meio milhão de desalojados e cerca de 110.000 activos estavam desempregados. Pelo menos 71.568 pessoas estavam por total conta do Estado, o que significava um custo diário de 20.000 contos. Era um problema nacional grave. Mas os investimentos do Estado tiveram frutos, visto que muitos dos esforços para a criação de novos postos de trabalho tiveram como resposta várias incitativas de desalojados que pretendiam recomeçar as suas vidas. No entanto, não existem opiniões pacíficas em relação à acção do IARN.

 

 

Portugal recebeu também ajuda internacional, no entanto, quase simbólica, da Holanda registou-se o envio de 48.300 contos, da Suécia, 63 mil contos, da Noruega 4.803 contos, dos Estados Unidos, cerca de um milhão de contos, da Grécia 7 mil, 45 mil da Suíça e mil da Austrália. O Fundo de Reinstalação do Conselho da Europa enviou também cerca de dois milhões e meio de contos emprestados.

 

A ACÇÂO DO IARN

  Retorno-Pessoas
Junho 75 a Novembro 76-Angola 275.599
905 Voos Luanda e Nova Lisboa 173.982
Seus próprios Meios 101.617
Moçambique 30.194
Timor 1.525
   
Subsídios Emergência Subsídios Emergência
Janeiro 75 a Agosto 76 (contos) 887.116
   
Alojamento Alojamento
Estabelecimentos espalhados pelo País 1.457
Pessoas 71.568
Pessoas na Área de Lisboa 35.269
Diária mínima (contos) 270$00
Diária máxima (contos) 875$00
   
Habitação Habitação
Inscrições para Procura habitação 4.053
   
Emigração Emigração
Pessoas 12.642
Para Brasil 11.909
Para 28 Países diferentes 733
   
Apoio à infância, 3ª idade e Deficientes Apoio à infância, 3ª idade e Deficientes
Crianças e idosos S/família 502
Crianças colocadas em Instituições 837
Deficientes 609
   
Apoio a Funcionários Apoio a Funcionários
Adiantamento a Funcionários que pediram  
Ingresso no Quadro Geral de Adidos (contos) 265.300
   
Empréstimos Para Integração Empréstimos Para Integração
Emprestados (contos) 121.787
   
Bagagens e Viaturas Bagagens e Viaturas
Bagagens (m3) 516.268
Viaturas 22.774
   
Transportes Transportes
Do aeroporto da Portela para diversos Destinos  
Pessoas 34.144
Volumes 34.197
De Armazém para Armazém em Lisboa  
Volumes 11.952
   
Prestações Sociais Prestações Sociais
120733 Processos de Desemprego (contos) 3.209.546
Abonos de família (contos) 318.742
Prestações Complementares (contos) 348.257
Bolsas de Estudo Bolsas de Estudo
4324 Bolsas para ensino Superior (contos) 78.939
Estudantes de outros graus de ensino 64.200
   
Géneros Géneros
Auxílio Nacional e estrangeiro  
Estrangeiro (Toneladas) 16.215
Origem Nacional (Toneladas) 118
   
Roupas e Camas Roupas e Camas
Pecas Vestuário 224.287
Peças de Roupa Doméstica 158.713
Camas 570
Colchões 972
   

Fonte: Dr. J. M. Marques Leandro (Ex-Secretário de Estado da Administração Local)Nota: O relatório não apresentava dados para o “retorno” de pessoas da Guiné e de Cabo-Verde

 

DESALOJADOS DE ÁFRICA POR DISTRITOS 

Distrito NºRetornados % Retornados
na população residente
Continente + Ilhas 505.087 5.1
Continente 493.093 5.3
     
Aveiro 25.597 4.4
Beja 3.040 1.6
Braga 16.040 2.3
Bragança 15.979 8.7
Castelo Branco 10.064 4.3
Coimbra 22.745 5.2
Évora 3.918 2.2
Faro 19.224 5.9
Guarda 14.415 7.0
Leiria 19.141 4.6
Lisboa 166.872 8.1
Portalegre 3.560 2.5
Porto 56.254 3.6
Samtarém 20.457 4.5
Setúbal 49.512 7.5
Viana do Castelo 7.948 3.1
Vila Real 14.239 5.4
Viseu 22.052 5.2
     
Açores 4.812 2.0
Madeira 7.182 2.8

 Fonte: Tabela retirada de  http://www.espoliadosultramar.com, de Ângelo Soares

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